‘No silêncio estridente da noite, o pensamento viaja, detendo-se num ou noutro detalhe. Retalhos de mais um dia. Tentei, sério que tentei mais uma vez que aprendessem, que escutassem, que quisessem a educação como um bem precioso nas suas vidas. Incrível como resistem às aprendizagens! Das mais simples às mais complicadas. Sinto que não vou chegar a todos, que cada vez são mais os que me escapam por entre os dedos. O maior objetivo de muitos é conseguir deixar de estudar. A escola é uma “seca”. “ Mas então porque vens?” “Porque me obrigaram.” Pois é, afinal estudar não é uma brincadeira, dá trabalho. E agora? Tantos anos a dizer às crianças que era só ir para lá que o resto acontecia, quase como respirar. Sinto um desencanto imenso nestas alturas. E se continuo a lutar todos os dias, de todas as formas que sei, é por aqueles que querem e que são o nosso oásis neste deserto de sonhos. Luto por todos os sonhos que sonhei há muitos anos, por todos os sonhos que alguns ainda querem sonhar hoje…mas hoje estou cansada, muito cansada. Às vezes é muito difícil não baixar os braços…’
Maria do Rosário, professora do 2º Ciclo do Ensino Básico
29/9/2018

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