Ricardo Costa é intelectualmente desonesto. Porquê? Porque sabe o que os professores sofreram no tempo da troika, com cortes nos seus subsídios, com aumentos das taxas de irs e com aumentos dos descontos para a ADSE.
Sabe que milhares de docentes foram para o desemprego, tendo mesmo sido aconselhados a emigrar pelo agora professor (com “p” minúsculo, e só porque não há menor) Passos Coelho. E sabe que grande parte do dinheiro que tapou os buracos dos bancos falidos vieram através do que se “cortou”, ao longo de quase 10 anos, aos professores.
Pior: sabe que os congelamentos começaram nos governos do PS, o primeiro deles muito antes da vinda da troika, distorcendo assim a verdade como quem, ao moldar o barro, transforma em segundos um lindo vaso num penico, mas sem conseguir esconder a prova do crime: as mãos sujas de calúnias.
Mas o que mais enoja neste tipo de discurso, que o Expresso tem vindo a difundir quase semanalmente com o intuito de reduzir a perda dos votos dos professores e suas famílias neste governo, é a tentativa de convencer a opinião pública de que a classe docente tenta, a todo custo, ser a única a não sofrer o que todos os portugueses sofreram. E é a essa tentativa ignóbil de tentar enganar um povo carente de justiça e de afectos, que deixo as seguintes perguntas:
– O que perdeu Ricardo Costa durante o negro período em que a maior parte do povo português muito sofreu, professores incluídos? Perdeu seu emprego? Viu ser reduzido o seu salário? Viu serem-lhe cortadas regalias?
Não, nada disso. Ricardo Costa, irmão de António Costa, nada perdeu. Porque ele é que pertence à classe dos que nunca sofrem, dos que ficam sempre incólumes, dos que nunca sentem sequer uma leve brisa à passagem dos mais fortes furacões.
Ricardo Costa faz parte da elite dos privilegiados deste país. Dos intelectualmente desonestos privilegiados que tudo fazem para que o poder continue nas mãos-sujas dos de sempre.
Não vá ele perder o seu.
Maurício Brito
