O pesadelo – Luís Costa

O pensamento dos professores deveria estar focado nas matérias a lecionar, nas atividades a desenvolver, nos materiais pedagógicos a produzir, nas aprendizagens a proporcionar, na correção e avaliação dos trabalhos dos alunos, na avaliação constante de toda a sua ação pedagógica. Esta seria a ocupação de um professor, de um verdadeiro professor. Mas, infelizmente, é cada vez menos assim, porque, tragicamente, os professores estão em vias de extinção, em Portugal.

O pensamento e a ação dos professores está a ser progressivamente colonizado por um exército de preocupações e de tarefas paralelas, marginais, de caráter administrativo, que os desviam constantemente da medula do seu trabalho: a pedagogia. É um autêntico silvado, viçoso e vigoroso, que os amarra cada vez mais, impedindo-os de pensar e exercer a sua ação. É um nunca-acabar de iníquas inutilidades que distraem, desviam, desgastam, cansam, saturam, exaurem, descaracterizam, desprofissionalizam, subalternizam, subjugam, escravizam… matam os professores, matam o Professor. E ninguém consegue travar esta maquiavélica máquina de tortura: os soldados, porque têm de obedecer às ordens dos sargentos; estes porque têm de obedecer às ordens dos tenentes; estes porque têm de obedecer às ordens dos capitães… E assim… sucessivamente, até ao marechal, que deve obedecer a ordens divinas. É uma autêntica cadeia de comando a impor preocupações e tarefas contrárias à natureza da pedagogia, à essência do ensino, à íntima vontade daqueles que lidam quotidianamente com os alunos, que com eles tecem diariamente o seu futuro, que é também o futuro de todos nós.

Ser professor, hoje, é um pesadelo granítico e sem fim! E nem sequer estou a considerar a indisciplina dos alunos, nem o alheamento de muitos encarregados de educação, nem o bullying governamental… Não, estou a pensar exclusivamente nesta aflição constante que resulta de querer ser professor e não poder, de querer sair deste íncubo estupidificante e não ser capaz. Estou a pensar apenas neste cilindro desgovernado, louco, que diariamente nos vai esmagando até à exaustão, até à alienação, até ao “irreconhecimento”.

ESTA AUTONOMIA, feita de imposições e de retinas de controlo, de colonização do tempo e do pensamento, É UM VERDADEIRO PESADELO.

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Quando têm necessidade de afirmar ser o que já não são…

Não deixei de ser professor@, mas não leciono há uma eternidade…

Não deixei de ser enfermeira, mas adoro as regalias e o gabinete de bastonária…

Existem demasiados profissionais com cargos administrativos e políticos cuja função não se devia eternizar. Descer à terra – função principal – pelos menos de 5 em 5 anos devia ser obrigatório.

António Costa nos novos estúdios da SIC em Paço de Arcos

sicnoticias/2019-02-06-A-entrevista-a-António-Costa

O primeiro-ministro foi entrevistado por José Gomes Ferreira. Os temas abordados foram a greve dos enfermeiros, a greve na Função Pública, o atraso nas obras públicas, a reorganização da Proteção Civil, as eleições legislativas e o estado da economia nacional e mundial.