A Iniciativa Legislativa de Cidadãos que recolheu perto de 22 mil assinaturas, para propor um Projeto de Lei que possibilita a recuperação integral dos 9 anos, 4 meses e 2 dias, teve um parecer favorável da Comissão da Educação da Assembleia da República. Sobre o conteúdo, o deputado Porfírio Silva, relator do parecer, não conseguiu…
Confesso que estou novamente a passar uma fase menos positiva. Com muitos altos e baixos. Tenho momentos em que me sinto com alguma força e então lanço-me a escrever e a tentar reatar projetos que tenho em mãos. Procurando corresponder ao que me é solicitado em termos profissionais. Mas logo caio num cansaço extremo, com alguns lapsos de memória que muito me angustiam.
De facto acredito que a convalescença da minha cirurgia e, sobretudo, do período que a antecedeu e durante o qual emagreci diariamente e com grande rapidez, nunca se chegou a fazer totalmente. Cada organismo é um organismo e nem todos reagimos da mesma maneira. Também as fases da vida são diferentes umas das outras. Na realidade, já não tenho vinte anos e isso nota-se a cada dia que passa. Nas alterações da tensão arterial, nas oscilações do coração, no sistema nervoso, nas noites sem dormir. Tenho de fazer muitas pausas e, mesmo nos textos que escrevo – e que são o meu alento – paro muitas vezes porque tenho mesmo de descansar.
De resto, sinto-me triste e angustiada com muitas coisas. Com a sociedade em que vivemos, com as desigualdades sociais, com a falta de reconhecimento e de valorização profissional, com as notícias que ouvimos diariamente, com as injustiças que nos assolam a todos, com a sensação de que ninguém nos ouve enquanto pessoas e ninguém nos escuta enquanto profissionais. Igualmente com mais algumas coisas do foro mais pessoal que, naturalmente, todos temos.
Encontro-me de novo em fase de exames médicos e com muita dificuldade em ouvir barulho. Sobretudo quando chega ao volume dos gritos. Sinto-me efetivamente muito esgotada. Preciso de estar em ambientes calmos e de ouvir palavras serenas. Necessito de tomar para mim algum alento. Recuperar.
Por isso escrevo tantas vezes sobre a necessidade de se repensar urgentemente uma modalidade diversa de trabalho para quem tem mais de 50 anos de idade. Eu, pessoalmente, sinto-me já sem forças para fazer o que me é exigido diariamente, da forma como é feito. E, como eu, tantos e tantas de nós, sentirão o mesmo, sem que se veja uma solução para estas situações. A realidade é que os trabalhos, as profissões, as ocupações são pensadas para trabalhadores com uma média de idades de 30/40 anos. Mas o que acontece quando o tempo passa? Ninguém pensa? Ninguém quer saber? É legítimo exigir a uma pessoa de 50 ou 60 anos o mesmo que se lhe exigia muitos anos antes? E coloca-se a bitola da reforma cada vez mais alta? Como é isto possível?
Por isso falo e escrevo. Não se trata de uma queixa, mas sim de um testemunho. E também de uma causa. E faço-o não apenas por mim. Mas por todos que se possam rever neste quadro que aqui vos deixo. Este desgaste e esta tristeza tão acentuados, frutos de muitos anos de grande dedicação ao trabalho nas mais difíceis condições para o exercício do mesmo, em certos casos muitos anos longe da família, passando frio e outras dificuldades que às vezes até nos custa referir, tudo a nossas expensas, sofrendo anos de um barulho tremendo e da agressividade aliada à insubordinação, aguentando anos, décadas de um tratamento injusto e de más palavras contra nós, tantas vezes sem que tenhamos sido alvo da mais singela palavra de reconhecimento por parte das tutelas que nos regem.
É hora de dizer BASTA! Não temos de aguentar tudo, nem de pedir desculpa pelo nosso envelhecimento. Temos sim de lutar para que esta fase da vida seja tratada da forma como merece. Com dignidade e respeito pelas suas características e condicionalismos. Aliás como todas as fases da vida devem ser tratadas. De acordo com as suas necessidades.
Agradeço, uma vez mais, do fundo do meu coração, a todos quantos tão generosamente interagem com as minhas publicações, através de uma palavra amiga. Acreditem que todas, todas elas, sem exceção, ficarão abrigadas na minha alma para sempre, com um significado muito profundo. Por serem fruto de uma generosidade e pureza absolutas.
“Os professores darão a resposta adequada”. E o que é a resposta adequada dos professores face a este imbróglio? É a resposta que a plataforma de sindicatos quiser e, mais concretamente, a resposta ditada pelo PCP e pela FENPROF com o figurino de sempre?” …
Os primeiros alunos do 2º ano a fazer os testes, voltam a fazer este ano no 5º ano e fecham um ciclo. Será possível fazer comparações e tirar conclusões?
Seria possível mobilizar uma pequena manifestação, mas os sindicatos preferiram desta vez alguma discrição.
Discordo da Anabela porque vejo na atitude da delegação sindical uma perfeita certeza para o que iam e como sairiam. Surpresa ou tourada há, mas mais nas escolas, em turmas difíceis onde alunos e Encarregados de Educação são “reis da festa”, para desespero dos professores.