O regresso dos professores “titulares”?
Enquanto docente choca-me a evidente opção de regressar ao aspecto mais problemático das reformas encetadas por Maria de Lurdes Rodrigues.

Falar de educação
Enquanto docente choca-me a evidente opção de regressar ao aspecto mais problemático das reformas encetadas por Maria de Lurdes Rodrigues.
3×3=9 ———- 9+9 = 18 ————– 6×3=18
3×4=12 (12+12 = 24) 6×4=24
3×5=15 ( 15+15 = 30 ) 6×5=30
3×6=18 ( 18+18 = 36 ) 6×6=36
3×7=21 ( 21+21 = 42 ) 6×7=42
3×8=24 ( 24+24 = 48 ) 6×8=48
3×9=27 ( 27+27 = 54 ) 6×9=54
3×10=30 ( 30+30 = 60 ) 6×10=60
O mesmo acontece com a do 2 e do 4, assim como do 4 e do 8
“A carreira única irá ser revista. Segundo se começa a constar, estão em preparação várias carreiras de professores, segundo graus de ensino à semelhança dos outros países do mundo. Como se sabe, Portugal é o único país quem tem uma carreira única. Mas é (para eles…) uma forma para “reduzir” alguma despesa, segundo se começa a ouvir nos bastidores dos que mandam…” João
Na Educação, o ambiente é de profundo mal-estar e o programa do novo Governo não conseguiu atribuir-lhe qualquer réstia de esperança. Outrossim, acentua a onda de “planos”, “projectos” e “estratégias”, para picar os miolos aos professores. Antes de Maria de Lurdes Rodrigues, todos sabiam exactamente o que fazer. Os chefes eram menos e as escolas funcionavam. Depois cresceram os chefes. E consigo, dr. António Costa, cresceu a desorientação e o deslumbramento com as pedagogias sem sentido. E cresceram as siglas “eruditas” para denominar inúteis organismos, projectos, plataformas e planos. Veja estas, dr. António Costa (e não são todas), criadas pelas suas luminárias da modernidade: ACES, ACCRO, AERBP, AIRO, CAA, CAF, CD, CEB, CP, CPCJ, CRI, CT, DAC, DEE, DT, EE, EECE, EFA, ELT, EMAI, EO, ESAD, JNE, ME, PAA, PASEO, PE, PEI, PES, PHDA, PIT, PL2, RTP, SPO, UFC e ULS. Não lhe chegavam? Enxergue-se, dr. António Costa!O dr. António Costa deu campo aberto ao narcisismo político dos seus prosélitos. Mas nunca promoveu um trabalho sério para apurar o que pensa a esmagadora maioria dos professores de sala de aula sobre um conjunto de temas-chave, que permitiriam reformar com solidez o sistema de ensino. Por isso, não me espanta que tenha perdido totalmente o pudor, proibindo as reprovações no Ensino Básico. Não me espanta, dr. António Costa, que a decisão política em Educação continue assente no desconhecimento da realidade e no oportunismo político das madraças da flexibilidade e da inclusão, criadas para pastorear incautos e transformar velharias falhadas em tendências pedagógicas novas.O grande tema da comunicação social foi, recentemente, o professor que bateu no aluno e os alunos que batem todos os dias nos professores. O contraste evidente entre a presteza com que o Ministério da Educação suspendeu o professor agressor e a espiral de silêncio em que envolve as constantes agressões a professores e funcionários não pode passar de fininho. Sem rodriguinhos e medindo o que digo, é para si, dr. António Costa, que falo, que o ministro Tiago é tão-só seu mordomo. O dr. António Costa é um dos grandes responsáveis pela sucessão de políticas que têm reduzido os professores a simples funcionários, cada vez mais desautorizados e despromovidos socialmente. Um dos grandes responsáveis por, farisaicamente e de modo cruel e perverso, pôr a sociedade e a opinião pública contra os professores: para lhes retirar o direito à greve; para lhes retirar força salarial; para lhes roubar o tempo de trabalho cumprido. É duro o que lhe digo? Repito-lho na cara se quiser, sem seguranças de permeio, para ver se se domina, como o desgraçado professor da D. Leonor não se dominou.O seráfico paternalismo com que os ideólogos a quem deu rédeas querem que os professores ensinem quem não quer aprender ou integrem quem não quer ser integrado, tem de ser denunciado. Com efeito, é fácil medalhar os líricos que decidiram a “inclusão” universal. Mas é impossível, sem meios nem recursos (materiais e humanos) lidar, dia-a-dia, na sala de aula, com jovens com perturbações mentais sérias, descompensados por imposições pedagógicas criminosas.O problema, dr. António Costa, é a natureza das políticas, que fizeram entrar o ensino em decadência. O problema é que o dr. António Costa afaga banqueiros e juízes sem perceber que morre lentamente uma sociedade que não acarinha os seus professores.Quando as obrigações do Estado não são cumpridas, é ao governo em funções que devemos pedir responsabilidades. Porque o governo, qualquer que seja a força partidária que o sustente, é o rosto do Estado. Porque, independentemente da responsabilidade subjectiva (que no caso vertente é sua), a responsabilidade objectiva do governo é proteger os professores das agressões de que são vítimas. O Governo falhou e o Governo tem um primeiro responsável. Por isso o acuso a si, dr. António Costa.Victor Jara (que também foi professor) foi abandonado numa favela de Santiago do Chile, depois de torturado e assassinado, por cantar O direito de viver em paz. A sua sorte, dr. António Costa, é que os professores não são capazes de se unir, ao menos uma vez, para reclamar o direito de ensinar em paz. Antes que acabem, definitivamente, abandonados num país sem défice.
In “Público” de 30.10.1
A burocracia em excesso, a uniformização de procedimentos, o poder unipessoal do diretor -alinhado com o ME- também explicam o desgaste constante da vida do professor de sala de aula, especialmente os que têm turmas difíceis, algumas em inconformidade com a lei.
Quando vi, por mero acaso, a lista dos medalhados num recente congresso “pró-inclusão”, chamou-se a atenção o facto de eu também lá constar, integrado num colectivo designado por “professores portugueses”. À partida nada teria a opor, embora pessoalmente prefira outro tipo de homenagens: aquelas que realmente dignificam e valorizam os profissionais da educação. O que passa por confiar no trabalho que realizam, respeitar a sua autonomia profissional e melhorar as condições em que trabalham quotidianamente.
O que na verdade me incomodou foram as más companhias: nesta altura do campeonato, qual é o professor que se preze que aceita ser homenageado ao lado de pessoas como Ariana Cosme ou João Costa? Poderá haver quem ache que os mentores da flexibilidade e da inclusão ficarão para a história da Educação portuguesa. Lamento, não sou dessa opinião. Espero que não fiquem e creio que, se isso suceder, será essencialmente por más razões. Razões…
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O Estatuto do Aluno, a que um governante do CDS, acólito de Crato, anexou, sem senso, a Ética escolar, é uma lei sobre direitos fundamentais e, por isso, da competência exclusiva do Parlamento. 42 mais palavras
Bora Lá, Rever O Estatuto do Aluno? — ComRegras
CARTA ABERTA AO FUTURO MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Excelentíssimo Senhor Professor Doutor Tiago Brandão Rodrigues:
Sou pai e avô; tenho mais de sessenta anos e pertenço à geração dos homens que nunca foram meninos. “Doutorei-me” na escola da vida, a mais exigente de todas as escolas, aquela cujas falhas são denunciadas e corrigidas a breve prazo, sem lamúrias, nem paninhos quentes – não havia tempo para isso!
Na escola primária tive sempre o mesmo professor; no meu curso industrial conheci outras figuras e o mesmo aconteceu homem feito, quando passei pela universidade: mas não sou doutor, engenheiro, ou coisa alguma: sou apenas eu, “o miúdo sexagenário” que continua a gostar de aprender.
Minha saudosa mãe, não sabia ler, nem escrever: mas educou-me, especialmente por ter sido mãe e pai. E com “recados” simples, marcou a minha existência, um dos quais, guardo-o bem dentro de mim: respeita os outros, se queres ser respeitado!
Na minha vida profissional, por diversas ocasiões contactei, privei e dei “formações” a jovens estudantes do ensino básico e secundário; são eventos que nunca mais esqueci. Aí conheci alunos atentos, diligentes, curiosos em saber um pouco mais do que ouviam do “professor”; outros a roçar a má criação – mas nunca tomei a árvore pela floresta…
Mas já naquele tempo (década de 90), vi olhares ausentes e cansados dos docentes, a procurarem a paz, numa escola que parecia preparar-se para a guerra. E vi no café pais a exigirem a cabeça do professor, que o menino tinha sido “incomodado” por estar distraído na sala de aula.
Depois disso assisti a uma completa campanha de desinformação, manipulação e desestabilização à volta dos professores; assassinaram-lhes o carácter; menosprezaram as suas funções; deitaram por terra todo o capital de prestígio acumulado à sua volta. E aos costumes, quem governava, disse nada!
Nos anos sessenta, setenta, oitenta e noutros que se lhes seguiram, no Portugal profundo, sem estradas dignas desse nome e com muitos carreiros de cabras, foram os professores de mala às costas e com um molho de sonhos na algibeira, que se arriscaram a ir dar aulas, onde nem o diabo queria morar. E fizeram-no, não por um ano, ou dois, mas por muitos anos. Em determinadas situações a velha escola do “plano dos centenários” foi o porto de abrigo de miúdos cheios de fome e de vida, de roupas gastas pelo uso e de pés doridos.
Agora, na modernidade, os professores percorrem o país, para fazerem o que mais gostam – dar aulas, com a ansiedade do que vão encontrar e a incerteza de como e durante quanto tempo, o vão fazer.
O brilho da profissão docente que vi nos olhos de tantos homens e mulheres está a dar lugar à angústia e à frustração. Ao débil reconhecimento por parte dos poderes públicos, que nem tão pouco se incomodam que um professor com quarenta anos de carreira ganhe menos do que um jovem juiz estagiário, cheio de doutrina, mas completamente “cru” de experiência de vida.
Eu não quero ver, como já vi, uma professora com os olhos marejados de lágrimas, porque foi insultada por um miúdo quase com idade para ser seu neto; ou a outra, que foi agredida em plena escola; e outros tantos por esse país fora, que já lhes perdi a conta.
Senhor Ministro: as pessoas passam e as instituições ficam! Como cidadão, não desejo um Ministério da Educação, refém de burocracias e relatórios, de teorias e iniciativas para encher as páginas dos jornais, de desculpas esfarrapadas e de estratégicas ausências.
Agora mais do que nunca, “vista a camisola” e defenda e prestigie os seus professores. Se não houvesse professores, nunca o senhor seria doutor, e eu próprio, tão pouco me atrevia a escrever estas linhas.
Contra factos, não há argumentos!
Respeitosamente,
Manuel C. Martins – cidadão do mundo.
(enviado por correio electrónico para o Gabinete do Ministro da Educação)
No que respeita à hipotética revisão da carreira docente:
“Numa classe profissional caracterizada pela extrema heterogeneidade (a todos os níveis), é inconcebível o tratamento igualitário dispensado aos seus membros – seja na remuneração, seja no que for.
Sem menosprezo por qualquer área ou disciplina (todas contribuindo para a formação “holística” do aluno), pergunta-se- à se é admissível que quem ensina Matemática ou Físico- Química ao 12º ano possa ter um tratamento exactamente igual a quem “ensina” a tecer tapetes de Arraiolos, vigia uma relaxante corrida à volta do campo, ou entretém umas criancinhas NEE. Mas há mais…”
Maria
E de facto não tem tratamento igualitário…basta ver o número de horas letivas dos monodocentes para o verificar.
Está aqui e eu gostaria de destacar alguns aspectos (cf. pp 22-23 e 141-142 e p. 8 para a parte das “carreiras especiais”).
1. Revisão do modelo de gestão escolar, mas no sentido de subordinar a “autonomia” às exigências da municipalização, não me parecendo espúrio que talvez considerem a possibilidade de colocar técnicos autárquicos na direcção das escolas ou em cargos de assessoria.
Avaliar o modelo de administração e gestão das escolas e adequá-lo ao novo quadro que resultou do processo de descentralização e aos progressos feitos em matéria de autonomia e flexibilização curricular;
(…)
Dotar as escolas de meios técnicos que contribuam para uma maior eficiência da sua gestão interna, recorrendo a bolsas de técnicos no quadro da descentralização;
2. Manutenção de uma lógica de instabilidade nos concursos de docentes, mesmo que se afirme o contrário, ao privilegiar-se o qzp como unidade de referência para as colocações, ao mesmo tempo que…
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Tudo isto já tinha sido referido no ComRegras, mas agora é mais oficial… Ao menos assumem de uma vez por todas aquilo que há muito se quer e se anda a impor nas escolas – ninguém chumba até ao 9º ano! 37 mais palavras
Governo Vai Mudar Concurso De Professores, Reduzir QZP E Acabar Com Os Chumbos — ComRegras