Pelo Barlavento – José Garrancho

Algarve é um dos destinos preferidos pelos britânicos. E também um dos mais caros, comparado com Espanha, Grécia ou Tunísia, por exemplo. O Coronavírus iniciou-se como crise sanitária, mas rapidamente se transformou em crise financeira, com empresas a falir e pessoas em layoff ou a perder os empregos. O turismo funciona como importação para quem fornece os turistas, pois pressupõe a saída de divisas. E qualquer país, neste momento, tenta evitar essa saída de divisas, querendo, pelo contrário que haja entrada das mesmas. E aqui temos o diferendo entre o Reino Unido e Portugal – o primeiro a evitar a saída de divisas, querendo, pelo contrário que haja entrada das mesmas. Porque, se não fosse a necessidade do dinheiro, seríamos nós a recusar a vinda dos britânicos, uma vez que a Grã-Bretanha tem mais mortes pela COVID-19 do que Portugal tem infeções (e o Algarve com um número reduzidíssimo), o que significa que somos nós quem mais arrisca com a sua vinda e os seus hábitos de vida.

O que a maioria dos algar-
vios desconhece é que o iní-
cio do grande boom turístico

algarvio, na década de 1960,

teve origem numa decisão se-
melhante por parte de Ingla-
terra, prejudicando sobretu-
do a França, mas também a

Alemanha e a Itália, os prin-
cipais destinos dos ingleses,

que são os maiores exporta-
dores de turistas, desde sem-
pre. Após a Segunda Guer-
ra Mundial, os ingleses – tal

como os norte-americanos –

começaram a canalizar turis-
tas para os países perdedo-
res, ao abrigo do Plano Mar-
shall, para ajudar a sua recu-
peração económica. Mas es-
ses países começaram a de-
senvolver a sua economia e,

no início da década de 1960,

estavam tão fortes como In-
glaterra, e os preços a ficar

demasiado elevados. A fim de
pôr cobro à saída exagerada

de divisas, a governo britâni-
co colocou um limite máximo

de 30 libras por pessoa, para
sair do país. Tal montante não
permitia férias nesses locais
habituais.
Para evitar problemas
políticos internos, descobriu

e promoveu os novos desti-
nos, como o Algarve. Recor-
do-me da libra a 70 escudos,

com uma corrida de táxi Por-
timão-Rocha a 10 escudos e

um whisky, no bar de um ho-
tel de cinco estrelas, a 30 es-
cudos. O problema era como

levar os turistas para esses
destinos mais longínquos. A
solução foi vulgarizar, com os
aviões, o que Thomas Cook
iniciara muitos anos antes
com um comboio, o aluguer
do mesmo pela totalidade,
baixando o preço. E assim
apareceram os operadores
turísticos com voos charter e
se desenvolveu o turismo no
sul de Portugal e de Espanha.
Ao longo dos anos, o turismo
foi-se democratizando, mais
pessoas começaram a fazer
férias, com menos poder de
compra por cabeça, não só
porque alguns tinham menos

dinheiro, mas porque o cus-
to de vida subiu nos destinos

turísticos. No Algarve, a in-
flação subiu exageradamen-
te durante anos, pagavam-se

os investimentos de bares e

restaurantes em tempo re-
corde, tudo eram facilidades.

Mas começámos a ficar fora

das posses de muitos e hou-
ve mercados, como o alemão,

que não singraram, durante
muitos anos.

Felizmente para o Algar-
ve, deu-se a guerra do Gol-
fo e outras no leste europeu,

que obrigaram os turistas a
escolher outros destinos. O
Algarve, uma vez mais, foi
beneficiado e, durante anos,

o mercado alemão foi impor-
tante para nós e o britânico manteve-se.

Entretanto, nunca se desenvolveu qualquer atividade

paralela ao turismo, sempre
com a desculpa de que iria

afetar esta atividade tão im-
portante e lucrativa. Ninguém

se preocupou com a hipóte-
se de, em qualquer momento,

haver uma situação que nos
pudesse afetar, como já tinha
acontecido a outros destinos

turísticos. Nem a crise das es-
tâncias termais portuguesas

foi exemplo, embora muitos
dos profissionais que vieram

para o Algarve abrir os pri-
meiros hotéis fossem vítimas

desse fenómeno.

Caros leitores, infelizmente, chegou a nossa vez. É tempo de olharmos para a realidade, de revermos a oferta os preços de venda, porque a crise também está a afetar os potenciais clientes, estudando a melhor maneira de encontrar o ponto de equilíbrio, porque lucros serão quase impossíveis de obter em dois ou três meses. E também é tempo de se pensar em alternativas ao turismo, para nos tornar menos dependentes. Sejamos

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Opinião – Elisabete Simões Rasquete sobre a Organização do Ano Escolar

Enquanto suporte e condição… ou seja, a escola como local de depósito de crianças e jovens, para que os pais possam exercer a sua profissão e garantir o arranque da economia. É irrelevante se as condições existem (não existem), se há seriedade na preparação deste documento orientador que se baseia no mantra “sempre que possível” (não há), se foi criada uma rede de segurança e uma estratégia concertada que permita o blending learning (não foi). Este documento é uma das maiores ofensas às escolas e aos seus professores, porque nele está implícito aquele “conceito” tão português do desenrascanço. O que este documento diz às escolas é: desenrasquem-se e garantam o acompanhamento aos meninos, pelo menos até ao 6º ano (12 anos), os que ainda não podem ficar sozinhos em casa. Não têm salas? Vão para o pátio! Não têm auxiliares? Arranjem-nos! As salas não têm condições? Temos pena!

O Último (E Único) Contrato Que Encontro Para O Portal Das Matrículas É Já De Abril E De Quase 350.000.00€ (+IVA)

Paulo Guinote pesquisou e encontrou esta pérola:

Objecto do contrato
O presente contrato tem por objeto a aquisição de serviços de desenvolvimento Portal das Matrículas.

Cláusula 2.ª
Preço Contratual
1. Pela prestação referida na Cláusula 1ª, a PRIMEIRA OUTORGANTE pagará à SEGUNDA OUTORGANTE, o preço contratual de € 348.356,00 € (trezentos e quarenta e oito mil, trezentos e cinquenta e seis euros), a que acresce IVA à taxa legal em vigor.

https://guinote.wordpress.com/2020/07/08/o-ultimo-e-unico-contrato-que-encontro-para-o-portal-das-matriculas-e-ja-de-abril-e-de-quase-350-00e-iva/