No facebook – a revolta

Publicação enviada pela colega Maria José Marques:

Quase 50 anos de existência.
28 de serviço.
Felizmente pertencente a um QA.
E acabo de escrever a palavra Felizmente e sinto-me revoltada e com náuseas.
Mas que classe esta a minha…
Como posso eu escrever Felizmente, sabendo que tantos colegas meus, que trabalham tanto ou muito mais do que eu, alguns com mais idade e mais tempo de serviço, não pertencem a nada? Não têm vínculo nenhum?
Sendo filha de pais Professores, em miúda ficava a pensar porque diziam eles “que a classe dos Professores era muito desunida”.
Pois… agora entendo.
Para alguns colegas, que já pertencem a um QA, o virar costas e encolher de ombros é a forma mais fácil e cómoda de lidar com tudo o que se passa.
A única preocupação é ir vendendo umas aulitas, assim, sem grandes preparações e preocupações, fazer as ações exigidas e ir passando de escalão.
O resto? Têm mais que fazer. O deles já está garantido.
Os outros que se desenrasquem.
Manifestações? Greves? Assinar petições?
Para quê? O que é que eu ganho com isso?
Pois… assim fica difícil conseguir seja o que for.
Afinal somos todos Professores ou não? Estamos no mesmo barco, ou não?
Não trabalhamos todos para o mesmo?
O que muda são as condições em que o fazemos.
Porque é que os Professores que não são QA não podem ter certos direitos iguais?
Trabalham igual, ou mais. Estão longe de casa. Da família. Recebem menos porque muitas das vezes nem o horário completo têm. Não lhes é permitido faltar, porque são dias a menos no tempo de serviço. Pagam casa, quarto, luz, água, gás, alimentação, deslocações. São avaliados todos os anos. E todos os anos vivem a angústia da(s) incerteza(s).
E resistem… ano após ano.
Isto é justo?
Para quem?
Justo para mim era fazer-se e avaliar-se a qualidade e profissionalismo dos Professores.
Trabalhas bem? Tens empatia com os teus alunos? Os teus alunos gostam das tuas aulas e de aprender nelas?
Ótimo. És Professor.
Andas apenas a passear a pasta, com ar de enfado, como que por obrigação, vendes aulas e de má vontade, refilas por tudo e por nada e fazes cara feia quando sai mais uma ordem de serviço? Viras a cara quando a luta é dos outros, quando afinal os outros também és tu?
Lamento. Estás no lugar errado. Procura outra atividade.
Voltando ao início e para terminar, não posso dizer Felizmente, sem sentir um nó no estômago e um aperto no peito.
Porque como sou teimosa e ainda acredito no Pai Natal, assino petições e sou pela causa de todos.
Não sou só por mim.

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