Todas as fragilidades da Educação e da Escola Pública ficaram visíveis e impossíveis de negar com a crise pandémica. É premente não só a análise do estado da arte, como também a identificação dos problemas principais e o desenho de soluções que vise ir ao encontro das mudanças estruturais de que o sistema educativo carece. O desafio é enorme, mas não é impossível.
A Fenprof mexe, mas mexe pouco. Os últimas protestos e uma greve envergonhada, juntos com a função pública provam isso. Provas de vida e de manutenção de estatuto de dirigente, sem nunca por em causa de forma séria o governo.
Fazer o equilíbrio de quem acha que o problema é a carreira única ser ridícula, por comparar escola secundária com monodocentes, não é fácil. Os privilégios de tal gestão todos nós conhecemos. Numa carreira longa o monodocente tem longas horas mais (que se transformam em anos) em contato direto com os alunos. E portanto tendo uma carreia temporal igual, (espetaram no meio dois anos ingratos facultativos sem componente letiva e uma redução de 5h letivas depois dos 60) um roubo descarado ao que existia antes.
A quarta ação de protesto da Fenprof no local em que se realiza mais uma reunião do Conselho de Ministros, no caso, no Palácio Nacional da Ajuda acontecerá dia 27 de maio. Esgotadas todas e quaisquer possibilidades de negociação com os responsáveis do Ministério da Educação (ME), a concentração é dirigido ao governo, em particular ao Primeiro-Ministro e à Ministra da Presidência. O protesto pretende a adoção, por parte que é responsável pela governação do país, de uma atitude aberta ao diálogo e à negociação, que, efetivamente valorize o diálogo social, e respeite as organizações sindicais de educadores e professores. […]
José Negrão Buísel é uma das referências do anarquismo no Algarve. Professor, seguidor das ideias pedagógicas libertárias da escola Moderna de Francisco Ferrer, esteve ligado à Federação Anarquista do Sul e posteriormente à CGT. Preso por diversas vezes, o seu nome foi atribuído, após o 25 de Abril de 1974, a um estabelecimento de ensino e a uma rua de Portimão. José Negrão Buísel nasceu em Portimão a 27 de outubro de 1875. Era filho do catalão, Jerónimo Baudílio Buísel, que se fixou em Portimão para instalar uma fábrica de cortiça. De ativista republicano, a par de outras figuras ilustres de Portimão, como Manuel Teixeira Gomes e Ernesto Cabrita, passou a radicalizar a sua ação política, como libertário e anarquista, vindo a liderar o movimento grevista em Portimão e Silves, a discursar entusiasticamente em comícios a favor de greves gerais (1918), em defesa dos operários corticeiros e marítimos (1922, 1925, 1926) e contra a guerra em Marrocos (1925).Esta ação política revolucionária levou-(o) à prisão várias vezes e granjeou-lhe enorme popularidade no meio operário. Em 1902, com 27 anos de idade, fundou e dirigiu o semanário ‘A Verdade’, publicação fortemente politizada que versava temas como o analfabetismo, a educação cívica, a pedagogia, a língua portuguesa, a história, as ciências naturais e a higiene. O jornal teve uma vida efémera, mas José Buísel continuou a escrever na imprensa local. Em 1912 fundou em Portimão o ‘Grupo Libertário A Verdade’ que viria a filiar-se na Federação Anarquista do Sul. Em 1905, criou um colégio particular, o Lusitano, do qual foi diretor, onde se ministrava o ensino elementar, o curso completar dos liceus, o curso teórico-prático de comércio e ainda ginástica, música e piano. Aberto a todos, os alunos mais pobres não pagavam propinas, o que lhe valeu a atribuição de subsídios por parte da Câmara Municipal até à instauração da ditadura militar (1926).A partir de então, além de não dispor de recursos financeiros para sustentar o colégio, passou a contar com a concorrência do colégio apoiado pelo regime ditatorial e frequentado pelos meninos das famílias ricas – o Colégio Infante D. Henrique que passaria a Liceu Municipal Infante D. Henrique, em 1932.Após o golpe de 28 de maio de 1926, o seu ativismo político continuou, tendo sido preso várias vezes pela polícia política. Foi preso em 1928 e posteriormente em Março de 1934, por causa da greve insurreccional do 18 de Janeiro. Esteve preso na Cadeia do Limoeiro, em Lisboa, tendo sido solto em Agosto de 1937(*) e passando depois a residir no Monte Estoril. Já com 62 anos de idade, continuou a sua atividade pedagógica no colégio Bairro Escolar de Estoril, cujo diretor era o seu filho, Dr. Américo Limpo de Negrão Buísel, também opositor ao Estado Novo. José Negrão Buísel esteve internado no hospital do Desterro, em Lisboa, vindo a falecer, vitimado por uma hemorragia cerebral, aos 79 anos de idade, num asilo em Lisboa. O funeral foi pago pelos seus alunos. Durante as suas inúmeras prisões, as aulas eram asseguradas, primeiro por um ou dois dos irmãos, depois pelos filhos, e o sustento da família vinha, em parte, da solidariedade da gente simples: pescadores que forneciam peixe, mulheres da praça que levavam ovos e hortaliça, etc. Quando ele regressou da prisão, o povo juncou o chão de rosmaninho desde Ferragudo até Portimão e acompanhou o professor em ar de procissão, ouvindo o grito da boca de homens simples: viva o professor Buísel, viva o pai dos nossos filhos. Expressão que definia bem o carinho e a consideração dos pais dos alunos por ele, homem bom que lhes educava os filhos como se seu pai fosse.
Quantas vezes você se perguntou se precisaria de matérias para aprender porque o currículo dizia isso? A Finlândia decidiu mudar isso em seu sistema educacional e introduzir algo adequado para o século XXI.
Em 2020, em vez de aulas de física, matemática, literatura, história ou geografia, a Finlândia introduzirá uma abordagem diferente da vida através da educação. Bem-vindo ao aprendizado baseado em fenômenos!
“Torna-se pública a posição do MPM-Movimento de Professores em Monodocência, que conta com mais de 5.500 membros ( educadores de infância e professores do 1º CEB) , sobre a definição do calendário escolar para 2021/22. Começamos por afirmar que uma preocupação potencialmente excessiva com a “recuperação das aprendizagens” que conduza a um aumento ou alargamento dos calendários escolares até esta data definidos é, em nosso entender, contraproducente. Segundo vários estudos da OCDE, o tempo gasto na escola é muito menos importante do que, por exemplo, o modo como o tempo disponível é gasto, a área de ensino em que é gasto, o modo como os alunos estão motivados para atingir os objetivos, o quão forte é o currículo e quão bons são os professores. A estes fatores acrescentaríamos o número de alunos por turma. De facto, uma das recomendações constante nas propostas para a elaboração do plano de recuperação as aprendizagens, datado de 6 de maio de 2021 sublinha precisamente a diminuição da carga letiva dos alunos. Será essa diminuição da carga letiva dos alunos que deverá ser considerada na elaboração do próximo calendário escolar, bem como o consequente aumento das pausas letivas, igualmente fundamentais para que os alunos superem o cansaço e recuperem motivação. Por fim, esperamos que o propósito desta consulta pública seja respeitado, assim como os contributos de quem realmente conhece o que é uma escola e que sabe o que significa o sucesso do ensino/aprendizagem dos seus alunos. **NOTA:** texto publicado nos comentários da consulta pública relativa ao calendário escolar 2021/22.”
Há uma forte razão para o secretário de Estado João Costa ter aproveitado as entrevistas a propósito da publicação dos rankings para trazer à conversa um tema aparentemente a despropósito: os concursos de professores. E ainda se torna mais estranho se pensarmos que ainda há poucos meses atrás a equipa ministerial recusava fazer mais do que meros acertos de pormenor na legislação dos concursos, rejeitando por completo qualquer revisão negociada do regime de quadros, concursos e vinculações.
Mas algo mudou entretanto. Sem grande alarido mediático, a Assembleia da República aprovou esta semana o projecto de lei do Bloco de Esquerda que impõe ao Governo a revisão do “regime de recrutamento e mobilidade do pessoal docente”. Com a oposição do PS, mas votos a favor à esquerda e à direita, a proposta aprovada impõe ao Governo um prazo de 30 dias, a contar da publicação da lei, para iniciar o processo…
Depois de um longo período à frente do cargo tem o desplante de dizer que o modelo de recrutamento de professores está errado? O que andou a fazer? Se errou de forma tão evidente não se compreende que continue no cargo.