António Gedeão

António Gedeão, nascido a 24 de Novembro de 1906, em Lisboa, era filho de algarvios, sendo o pai natural de Tavira e a mãe da cidade de Faro.
Da sua conjugação de palavras em forma de poema, destaca-se a eterna Pedra Filosofal:

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
Que em verde ouro se agitam
Como estas árvores que gritam
Em bebedeiras de azul

Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
No perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral

Pináculo de catedral
Contraponto, sinfonia
Máscara grega, magia
Que é retorta de alquimista

Mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da Boa-Esperança

Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Colombina e Arlequim

Passarola voadora
Para-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Auto forno, geradora

Cisão do átomo, radar
Ultrassom, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar

Eles não sabem, nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança

Nuno Campos Inácio no facebook

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