
Dia: 30 de Setembro, 2022
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Luís Osório no facebook
Fernando Santos: por mim já chegava
1. Fernando Santos ficará para sempre na história do futebol português e no imaginário coletivo – aconteça o que acontecer – e muito tem acontecido – ninguém apagará a conquista do Campeonato da Europa e até a primeira Liga das Nações.
O homem ganhou e ninguém ganhara antes dele. Em 2014, a seleção nacional passava por uma crise existencial e Fernando Santos, com a sua bonomia, tranquilidade e bom-senso ofereceu estabilidade e tudo passou a correr melhor.
2. Passaram oito anos. Uma eternidade num tempo feito de superfície, feito da ditadura do aqui e agora.
Portugal perdeu ontem com a Espanha.
Precisava apenas de um empate para ir à fase final da Liga das Nações.
Acontecera o mesmo num jogo com a Sérvia em que necessitávamos de um empate para ser apurados diretamente para o Mundial e acabámos por perder em casa – fomos depois apurados numa última oportunidade de repescagem.
O mesmo sucedera na penúltima Liga das Nações num jogo com a França. Precisávamos de um empate em casa e perdemos.
Tudo em pouco mais de um ano.
Como perdemos ingloriamente com o Uruguai no Mundial e com a Bélgica no Europeu.
3. Fernando Santos até pode ganhar o Campeonato Mundial no Qatar.
Portugal tem uma seleção com alguns dos melhores jogadores do mundo – tudo pode sempre acontecer.
Além do mais, o nosso selecionador tem contactos privilegiados com a transcendência – quem sabe se Deus mais os anjos que envia nos pode oferecer mais um motivo para N’ele acreditarmos?
Longe de mim desvalorizar a força da fé.
Repito então: Fernando Santos até pode ganhar o próximo Mundial de futebol no Qatar.
Mas não é o selecionador que Portugal precisa. Não é a pessoa certa no lugar certo.
Porque um selecionador é mais do que a sua competência ou sorte – não discuto uma nem a outra, quem sou eu para me meter em territórios que não conheço ou domino?
4. Mas um selecionador é a imagem do país que pretendemos ser. E Fernando Santos, pelo que é, pelo que aparenta no banco e nas conferências de imprensa, pelas escolhas que faz e pelo cansaço acumulado é hoje mais um problema do que uma solução.
4. A imagem de Portugal não pode estar ligada a um selecionador que nos cola ao passado.
A imagem de um homem que leva um terço no bolso não é boa para um país que se deseja moderno, global e ambicioso.
Ver Fernando Santos no banco é uma inquietação. Não sorri e parece ter o peso do mundo aos ombros. Nada nele é vida e convicção de vitória, tudo parece ser pressão, inquietação e medo de perder.
Ver Fernando Santos a gerir os jogadores que tem à disposição dá sempre a impressão de que não tem unhas para aquela viola. O selecionador tem um grupo de gente com vontade, talento e ganas de conquistar o mundo, mas a sua preocupação é sempre a de pôr travões, a de ter cautela, a de cortar as asas ao sonho.
Ver Fernando Santos com os seus adjuntos a conversar antes de fazer uma substituição oferece-nos a imagem de um país um bocadinho provinciano, um bocadinho temeroso, um bocadinho de um outro tempo.
Os seus adjuntos são o reflexo de si próprio.
Não há ali ninguém que eu possa dizer: olha, aquele adjunto corporiza uma ideia de confiança e de força.
5. Fernando Santos irá ao mundial e todos os dias lá estarei de camisola vestida.
E se formos campeões do mundo chorarei baba e ranho.
Mas não anula o que penso sobre a vida em todas as suas dimensões.
Fernando Santos não é a imagem do Portugal que desejo.
Um Portugal feito de confiança, de convicção no talento, de ausência de medo de ganhar e de cosmopolitismo também.
Sou grato ao nosso selecionador, mas por mim já chegava.

Falta de liderança é pior que má liderança
A situação complica-se, quando por inercia não sentimos o líder assumir responsabilidades e deixar o barco à deriva.

é real a possibilidade do barco ir ao fundo!