Antigamente os professores em final de carreira mostravam uma certa nostalgia, sentida e verdadeira, em partir. Ofereciam-se flores entre colegas. Marcava-se um café ou uma visita à escola de onde agora se saía para a merecida aposentação. Agendavam-se voluntariados na Biblioteca ou em Projectos Felizes e escolhidos pelos docentes.
Hoje, quem alcança a feliz idade de poder saír – e meço bem estas palavras – a feliz idade de poder SAIR – os professores partem, tristes e exaustos, fartos e sem uma palavra.
Damos pela falta deles um dia ou dois depois. Os mais próximos dizem aos outros…”O colega? Reformou-se. A colega? Já saiu.”. E dizem-no com um sorriso triste e um suspiro velado.
E nós sabemos que o sorriso é de nostalgia por eles e por nós. E o suspiro é de um longo cansaço que espera também a vez de poder enfim, sair, fugir, deste martírio.
Este martírio que nenhum de nós criou. Que nos criaram. De cima. De propósito. Com maldade e um extremo e assustador sangue frio.
Até quando, esta tristeza? Até quando?
Paula Coelho Pais
Lisboa, 19 de Janeiro de 2023

Sentimento atual é assim irá continuar se a nossa Escola Pública permanece como está.
Será sempre uma nostalgia…
GostarGostar