Professores vão dar aulas em vários agrupamentos – Sicnot

O ministro da Educação explica que o objetivo é combater a precariedade na educação. Quanto à reposição do tempo de serviço dos professores, João Costa diz que primeiro é preciso fazer contas.

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Serviços mínimos para as greves de 2 e 3 de Março

Escola Portuguesa

Uma vergonha jurídica este acórdão, que basicamente copia o palavrório dos anteriores e acaba a concluir uma coisa muito simples: reconhece que uma greve de apenas um dia não provoca danos que tenham de ser acautelados com a imposição de serviços mínimos; mas como já houve outras greves antes que os tiveram, esta agora também vai ter.

Nota positiva para a representante dos trabalhadores, que votou contra e expressou a sua discordância em declaração de voto.

Espero que a Fenprof e demais sindicatos recorram deste acórdão miserável em todas as instâncias judiciais, incluindo, se tal for necessário para que seja feita justiça e salvaguarda do direito à greve, ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

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Luis Sottomaior Braga – Guião de leitura individual da negociação que aí vem

IMAGEM

Penso que a negociação vai fluir melhor nos próximos tempos. E o barulho que fizemos ajuda a esse quadro ser mais sólido do que parece.

Muita gente acha que o movimento foi criado por uma pessoa que iluminou o caminho. Mas não foi.

Foi um movimento de professores, auto organizado e disseminado.

Há muita confusão, em certos discursos salvificos, sobre o papel de um único indivíduo na História.

É a confusão entre o catalisador e o combustível.

Se os professores conseguiram pôr a opinião pública ao seu lado, isso não foi fruto dos grandes méritos de uma liderança carismática.

No domínio da imagem pública houve 2 coisas fundamentais: quebrou-se o monopólio “o Mário Nogueira fala pelos professores”. E houve muitos professores a falar e a falar bem. E isso funcionou.

As entrevistas recorrentes de anónimos à porta da escola foram mais importantes que certos discursos de má retórica e choraminguice a confundir assuntos.

Professores, tenham auto-estima: não foi nenhum líder que nos pôs perto da vitória Fomos nós.

E essa imagem passou. O PS perdeu 9% nas sondagens e os portugueses estão connosco e querem a reposição do tempo de serviço, o tema essencial e grande fiel da balança da negociação porque todos ganham nele.

COORDENAÇÃO

As negociações precisam foco. Devia haver uma cimeira de todos os sindicatos e ser definido um guião comum de “linhas vermelhas” que até podia ser secreto.

Há um problema: há um sindicato que está desfocado dos temas e que tem um trabalho de preparação técnica inferior aos outros.

Alguns acham que é logística. Eu acho que é intencional, porque é ideológico. E já sei que vêm aí os trolls.

Mas as propostas do governo deviam ter respostas coordenadas, alinhadas, padronizadas e integradas de todos. No fundo, antecipar propostas para ensaiar respostas e cenários. Isso implica debate prévio e mais estudo em comum.

A unidade não interessa muito nas ruas, mas é essencial nas negociações (por razões técnicas de como uma negociação funciona). Que implica alinhamento em cada lado do par de interesses.

E irem em 3 vias, do nosso lado, a 1 só, do outro, não é bom (hoje, na negociação, do nosso lado, temos a “via fofa” , a “via aberta que parece falar grosso” e a “via ao lado que,ideologicamente se sabe nem quer realmente negociar”).

Devia haver uma via única contra a posição de quem pode impor. Para isso, há uma negociação de parte interessada a fazer entre as 3 vias.

A tal cimeira, que devia ser feita nos próximos dias.

Mário Nogueira ganhava pontos se promovesse isso e entalasse os que querem fugir. É o mais velho e devia preocupar-se com o legado.

Até porque pode hoje conseguir um bom acordo e correr o risco de não o poder assinar por ser atacado à esquerda por ideias mirabolantes sobre o que se pode conseguir.

E não precisamos de lérias mas de um bom acordo.

LIGAÇÃO E CONSULTA AOS INTERESSADOS

Nessa cimeira, os sindicatos deviam assumir o compromisso da “consulta geral, mesmo que atrase.”

Hoje a tecnologia permite consultar em horas.

Nunca repetir 2010 e assinar à pressa, só por ser o “acordo possível” .

A teoria do mal menor é de moralidade duvidosa.

Vamos fazer o melhor acordo possível ainda que demore?

E sem trocar uns pelos outros? Daí a necessidade de conciliação.

VINCULAÇÃO AO ACORDO

Todos se deviam vincular ao princípio “só assinamos ou recusamos a versão final depois de consulta transparente aos interessados”. A meu ver um referendo, que não é assim tão difícil.

A DECISÃO PESSOAL DEVE SER INDIVIDUAL MAS A PENSAR NO PREJUÍZO DOS OUTROS

Quando houver uma proposta final de acordo vou olhar para ela de 2 ângulos e acho que todos devíamos fazer isso:

O que ganho? Quem se prejudica com o meu ganho?

Para isso, eu vou ter um método pessoal simplificado e concreto, já que não consigo pensar a diversidade de todos os prejuízos de dezenas de milhares de professores.

Fiz uma lista de 10 pessoas muito diversas que são professores e professoras, amigos recentes e muito antigos, e/ou colegas próximos ou com situações especiais, estimados por mim, e que têm , na diversidade, a particularidade de estarem hoje “pior” que eu. Serão os meus tipos ideais de análise à Weber.

E vou ponderar o meu voto no dito referendo a olhar para o meu ganho (eu, professor de quadro de escola que não precisa de mobilidade, não tem de concorrer e que é subdiretor, mas está no 4º escalão à espera de vaga) mas, também, a ver se o meu ganho no acordo os prejudica.

E, na altura, falarei disso depois de estudar os efeitos em cada caso (e preservando quem são os membros da amostra). Talvez ajude porque na minha amostra está uma grande diversidade de situações profissionais.

Não faria nunca a lista das pessoas pelos nomes porque, ter a minha consideração e estima ou até ser meu amigo como alguns são, estes dias, em certos setores, é cadastro, mas ficam as siglas dos 10 nomes da minha amostra por ordem alfabética (acho que nem os próprios vão descobrir quem são e alguns talvez achem graça saber).

AMFS, CAVB, CAPL, HL, JCMPL, LML, LTG, ML, RP e SM.

Com esta amostra cobrirei a análise concreta de todo o universo de casos de QZP, contratados e deslocados.

Sobre a parte da negociação que já anda agora nas bocas do mundo tenho a dizer que é tudo péssimo, mas a proposta, a ser aceite, é particularmente muito má para QZP vinculados há pouco (porque obriga a voltar à “salada geral”, sem ganho) e péssima para quem tenha questões de saúde que realmente justifiquem mobilidade.

Mesmo, sem prejuízo meu, não votaria sim.

Unidade ética prática é isto, não são proclamações unitárias ocas e só bonitas. É pensar nos problemas que o meu ganho cria aos outros (uma coisa do género do Mandarim do Eça).

O prejuízo de uns, descompensado, não pode basear o ganho de outros. Foi isso que falhou na negociação dos titulares.

E não pode falhar de novo.

O governo tem muito má fé, mas isso não deve ser a base na nossa atitude.

Lá porque os outros mentem e nos tratam mal não devemos fazer o mesmo.

in blogue de ArLindo

Cármen Silva, Mensagem para Mário Nogueira e sindicalizados da FRENPROF


Exmo. Sr. Mário Nogueira
Quando ontem, mais uma vez, caminhava pelas ruas da capital de Portugal em defesa da Escola Pública, da Liberdade e da Democracia, ouvi que o Sr. desfilava também pelas ruas de Lisboa; não ao lado dos professores, mas junto de todos os que marcham por uma Vida Justa. Vou ser sincera, não estranhei, até porque, bem vistas as coisas, não se pode dizer que o Sr. seja professor. E assim sendo, como cidadão tem todo o direito de caminhar junto daqueles com quem mais de identifica.
No entanto quando o Sr. Mário Nogueira, fala como líder de um dos maiores sindicatos de professores, está a falar em nome dos professores, e aí meu caro Sr., aí tem de ter muito cuidado com o que diz e com o que faz. Se ontem saiu para a rua como líder da FENPROF, então deveria ter-se unido aos professores e connosco deveria ter Gritado para que nos libertem da Opressão que nos estão a impor; deveria connosco exigir a Liberdade que nos está a ser retirada; deveria ao nosso lado Lutar pela Dignificação da Escola Pública.
Sr. Mário Nogueira ontem o Sr. esteve mal, muito mal quando disse que existe mais vida para além dos professores. Claro que existe! Nós professores bem o sabemos, nós e as nossas famílias bem o sentimos na pele e é por isso que estamos a Lutar. Pois só com uma Escola Pública de Qualidade, Exigente, Rigorosa, que respeita quem lá trabalha se poderá falar em Progresso, em Futuro, em Liberdade e em Democracia.
Sr. Mário Nogueira quando os professores saem para a rua, não estão a lutar pelos seus umbigos, estão a lutar pela Escola Pública e como tal estão a Lutar pelo País e pelo futuro de todos os jovens deste País. Quando o Sr. disse aquelas “ofensivas palavras” (na minha opinião) está a insultar todos os professores, está a passar para a opinião pública uma imagem egoísta e egocêntrica dos professores. E para isso, Sr. Mário Nogueira, já nos basta o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministério da Educação e toda a sua equipa.
Assim apelo a que todos os sindicalizados da FENPROF, não que deixem de ser sindicalizados, porque os sindicatos são muito importantes e somos nós os sindicalizados que lhes damos força; mas que exijam a imediata demissão do Sr., porque neste momento o Sr. não está a representar os professores, mas sim a “servir” o governo.
Carmen Silva

Protesto de Algarvios em Lisboa

CNNPortugal

AE Júdice Fialho sempre presente!

Rumo a Bruxelas

Ponto da Situação.
Hoje venho de coração cheio …muito cheio.
Bem haja, aos colegas de Chaves e arredores .hoje acordei com a vossa imagem do vidro do carro cheio de gelo …eu estou quase em casa e penso no que ainda vos falta … Tenho orgulho em poder dizer que sou vosso colega. VOCÊS SÃO ENORMES!…

Professores portugueses ficaram em tendas, junto ao parlamento. Colegas que vivem perto juntem-se a eles durante o dia.


Lenda da Praia da Rocha

        Uma Sereia chegou um dia ao Algarve, não se sabe bem de onde. Instalou-se à beira-mar, descansando de uma jornada que deve ter sido longa e fatigante.
Um Pescador que por ali andava na sua faina viu-a, e admirado com aquela intrusão nos seus domínios, aproximou-se e disse:
– Não sei donde vieste, mas devo informar-te de que tudo isto que vês é meu. Foi o Mar que criou este sítio e eu sou filho do Mar!
     Sorriu a Sereia de tal maneira que prendeu o Pescador, respondendo-lhe:
    – Venho de longe, Pescador, de muito longe. Aportei aqui depois de muito procurar, e tanto sossego achei que quero ficar.
   – Como te chamas? Quem és? – quis saber o filho do Mar.
   – Não tenho nome, Pescador. Sou apenas o que sou, Sereia.
   – Bem-vinda sejas então, Sereia, a este local que já é teu!
    Foi então que, de longe, se fez ouvir uma voz agreste e rude:
   – Não dês o que não é teu, Pescador! Esta terra é minha, foi a montanha que a criou! Eu sou o filho da Serra e tudo o que vês me pertence!
  – Assim sendo, Serrano – sussurrou a sereia – talvez sejas tu o fim da minha jornada.
 – Deixa-o falar, Sereia! Que pode ele e a sua Serra contra o poder de meu pai, contra as ondas sem dono!…
 – Ah, ah, ah! – riu o serrano – Tenta tu subir à Serra! Que poderão as tuas ondas contra a robustez que herdei da minha mãe. Mais poderoso sou eu, que quando quiser, posso criar montanhas dentro do Mar!
 Parecia iminente a luta entre os dois gigantes; procurava o Mar acalmar as suas ondas, que cresciam e engrossavam; toldava-se a Serra, agitando as urzes e os pinheiros. Deleitava-se a Sereia com a violência do amor que neles via crescer, mas disse-lhes:
  – Não se zanguem! Eu vou esperar aqui que me tragam provas das vossas forças. Mas agora ide, estou cansada e quero repousar!
  Lentamente afastaram-se areal fora os dois rivais. Um entrou pelo Mar dentro, o outro subiu à Serra. Iam pensativos, procurando a melhor maneira de convencer a Sereia.
Ela, por seu lado, instalou-se como se em casa estivesse e esperou.
  Chegou primeiro o Pescador. Trouxe-lhe o Mar e estendeu-o a seus pés, pintando-o verde suave à bordinha, e azul profundo lá ao longe, dizendo:
– Tudo isto é o meu Mar, e é teu, Sereia!
E a Sereia ficou a olhar o mar, deleitando-se com o seu ondular. Subitamente, ouviu o Serrano:
    – Sereia, aqui estou: dar-te-ei um trono de pedra lá no alto do mundo. Já pedi ao vento que te embalasse o sono, ao sol que te aquecesse os dias, e às fontes que te refrescassem as horas. Vem comigo e serás a rainha da Serra.
   – Chegaste tarde, Serrano! Já me sinto a rainha do Mar – respondeu a Sereia.
   Enfurecida por ser rejeitada, a Serra fez rolar enormes rochedos até ao Mar, rodeando a Sereia: se esta não subia à Serra, descia a Serra ao Mar.
  O Mar zangou-se, e durante noites e dias, dias e noites, atirou-se contra as rochas, mas não conseguiu desfazê-las.
  E assim continuaram até que a Sereia, não sendo capaz de se decidir, transformou-se numa areia tão fina como não há outra igual, recebendo o tributo eterno dos dois eternos gigantes enamorados, umas vezes rivais, outras inimigos, outras ainda grandes amigos. O lugar tem hoje o nome de Praia da Rocha.

Desenho da Eva 2°D

Desenho de Inna 2°D

Duarte 2°D

Isabel Santiago no “Público”

https://www.publico.pt/2023/02/20/opiniao/opiniao/indigna-2039591

I. A grande lata

A 14 de janeiro fui para a Avenida da Liberdade. No dia anterior, as declarações do ministro da Educação enfureceram a minha conhecida paciência.
Em abstrato, num cenário que só existirá na sua visão distante da realidade, declarou que os professores estavam a praticar greves ilegais e que a inspeção iria tomar conta da situação. Nem sequer sou sindicalizada, mas achei o argumento tão falacioso – na prática haver alguns sindicatos (caso existam, ainda não se sabe) que praticam alguns atos menos legais, não sei, não o pode levar a concluir que os professores são uma corja que age fora da lei – e tão reprovável eticamente que fui para a rua. Vindo de um Governo em que ministro sim, ministro não, secretário de Estado sim, secretário de Estado não, é suspeito de corrupção ou de benefício pessoal no exercício do cargo ou no favorecimento de familiares e em que entre Governo e família não há separação incomodou-me.

E o ministro incorreu noutra falácia, apelando à piedade da opinião pública: os professores estão em greve quando ele ainda está em negociações.
A que governação exemplar pertence o ministro para nos vir dar lições de moral? E quando é oportuno fazer greves? Nesta classe há muito que elas são tentadas, mas não ganhamos o suficiente para as podermos realizar. Desta vez há exaustão e ela é generalizada. E, como diz o povo, de pobretanas não passamos. Mas o que o ministro não pode e, não deve fazer, se quiser no mínimo ser ético, é não falar para a opinião pública ou apenas para uma parte da escola, os pais. Da escola fazem parte, com a mesma importância dos alunos, os professores e os assistentes. Não se ouvem os alunos, ainda que nesta greve, também do lado dos professores se façam ouvir, nem os assistentes, nem os professores. Mas o ministro é apenas ministro dos pais? Que estranho, no mínimo mais um ato falacioso chamado apelo à popularidade. Compreende-se: os pais são mais, eles escolhem o Governo.
Pelo meio fiz uma greve. O ministro não esteve presente nas reuniões e fez-se representar. E é assim que não se respeita a democracia a que tanto apela a que se ensine nas escolas. Faltou. Ele que já é um representante mandou um representante do representante, no limite, qualquer um poderia estar no seu lugar. O que o ministro João Costa parece estar a esquecer é que ele é ministro de todos, e não apenas dos pais. E se os pais (associações) estão preocupados, e têm razões para estar, a sua preocupação não se deve fazer sentir apenas com a falta dos professores às aulas em dias de greves pontuais. Devem, ministro e pais, estar preocupados com aspetos bem mais graves e sistémicos do que com estes acidentes de percurso.
Afinal, alguma associação de pais se manifestou preocupada com o bem-estar dos professores? Com os programas em vigor e com a redução do ensino ao essencial (tão duvidoso, em tantas circunstâncias)? Alguma associação se manifestou indignada com o facto de ter filhos sem aulas um ano inteiro, ou quase, a várias disciplinas? Alguma associação já disse ao ministro que não deseja que os seus filhos aprendam com qualquer pessoa com uma formação desconhecida ou sem preparação alguma para o papel pedagógico? Alguma associação já disse ao ministro que não entende a forma como os filhos são avaliados e a dificuldade que há em acompanhar a linguagem obtusa com que a escola comunica com os seus educandos e com eles?

Para os assuntos determinantes, os pais e as suas associações não se fazem ouvir. Porquê? Porque todos têm beneficiado deste sistema que troca quantidade de aprovações por qualidade do ensino. Isto tem que ser dito. Já se mostraram indignadas estas associações contra os pais que destratam os professores? É a grande lata de uns e outros. O ministro pede-nos a ética que não tem para com os professores – só governa para os pais – e os pais continuam a ter uma carta de interesses que aposta no mais fácil e no mais linear. O ministro dá-lhes o que pedem. Deve ser mais fácil qualquer professor compensar, em termos de aprendizagem, duas ou três aulas do que as lacunas estruturais de um ano, ou mais, sem aprendizagens consolidadas. Digo eu, mas de ministérios não percebo nada.

II. A grande inversão de valores

Na véspera da greve de 2 de fevereiro, o Presidente da República declarou que se os professores continuassem com esta insubmissão corriam o risco de a opinião pública ficar contra eles. Vamos lá ver se a gente se entende, os professores não têm que agradar à opinião pública, não são eleitos. Os professores fizeram provas para serem professores. Foram formados pelas universidades. Uma opinião pública esclarecida está com os docentes, não se deixa enganar por todo o tipo de comentador.
Sr. Presidente da República, os professores não querem a maioria da opinião pública a seu favor para dar aulas e verem valorizadas as suas carreiras. Os professores querem ter o reconhecimento social e económico pelo que a cada ano fazem pelos alunos, nas escolas públicas e pela democracia que os governantes destratam. Os professores vão fazer serviços mínimos? Devia saber que fazem serviços máximos há anos. Sobre isso, se tiver oportunidade, escreverei noutro dia para esclarecer a opinião pública. Mais horas extraordinárias pedem os pais – os pais que são a opinião pública que tanto o inquieta já nos agradeceram o tanto que damos?
Pois olhe que a sua inquietação devia ser outra, devia ser perceber e ver de perto – quem sabe numa presidência aberta – o que é a vida de um professor e pedir a uma entidade isenta, realmente isenta, uma análise crítica do sistema. Acha normal um professor não ganhar para pagar uma renda? Acha normal não serem os governantes a preocupar-se connosco mesmo quando somos 150 mil na rua? Acha normal 150 mil professores estarem insatisfeitos? E a sua preocupação é a opinião pública?
A mim, desculpe a humildade da visão, parece-me que está a ver o problema ao contrário ou a tentar fazer-nos sentir mal. Sabe, o que esperamos de si? Esperamos que fizesse ao primeiro-ministro, e em relação aos professores, o que ele fez quando ameaçou demitir-se, se nos repusessem o tempo de serviço. E se o ameaçasse, a ele, de que o demitiria por estar a tratar, há duas legislaturas, a educação com um desrespeito nunca visto e a educação ser um dos pilares da democracia? Olhe que não lhe fica bem deixar que o ministro e o primeiro-ministro nos destratem como se fossemos insuportavelmente insubmissos. Convide-os a que nos tratem com respeito e dignidade. Não se invertam nem as perguntas nem os valores. E a pergunta é: como mudar um sistema indigno e injusto para um sistema justo para alunos e professores?